A barragem de Xingu da Vale, próxima à área do desastre em Mariana em 2015, corre risco iminente de rompimento, segundo a Superintendência Regional do Trabalho de Minas Gerais.
Há um “grave e iminente risco de ruptura por liquefação da estrutura da barragem com possível soterramento de trabalhadores”, disseram inspetores da superintendência em relatório na quarta-feira.
A Vale disse em comunicado que não existe risco iminente de ruptura da barragem de Xingu e não houve alteração nas condições ou nível de segurança da barragem, que permanece em nível 2. A área nos arredores da barragem foi evacuada.
A segunda maior produtora de minério de ferro do mundo ainda enfrenta o impacto de dois rompimentos de barragens nos últimos seis anos, tendo assinado acordo em fevereiro para pagar bilhões de dólares para reparação dos danos causados pelo colapso da estrutura em Brumadinho. Com os cortes da produção de minério decorrentes dos desastres, a Vale perdeu o primeiro lugar no ranking.
Detritos estilhaçados após o rompimento de uma barragem na mina de minério de ferro da Vale em Brumadinho, Minas Gerais, em 2019.
O documento detalha porque as autoridades restringiram a circulação de trens em um ramal ferroviário no Complexo Mariana da Vale, como comunicou a mineradora na última sexta-feira. Segundo os inspetores, pode haver rompimento por liquefação da estrutura da barragem. Nesse processo, apontado como uma das causas do desastre com a barragem do Fundão, também em Mariana, um material que é rígido passa a se comportar como fluido. A Reuters divulgou o alerta anteriormente.
A mineradora paralisou o transporte ferroviário para a usina de Timbopeba, no complexo de Mariana, afetando cerca de 33 mil toneladas de produção diária. Alguns pontos de acesso à mina Alegria também foram fechados, comprometendo 7,5 mil toneladas de produção diária.
Os auditores fiscais do trabalho mandaram paralisar as atividades que ainda ocorriam no local após uma inspeção realizada no dia 20 de maio. Foram mantidos apenas os trabalhos necessários para a estabilização da barragem. Em 27 de maio a Vale chegou a solicitar a suspensão parcial da interdição para a circulação de veículos e trens na zona de autossalvamento da barragem, mas ela foi negada.
Interdição
A barragem do Xingu está interditada pela Agência Nacional de Mineração (ANM) desde março de 2020, informou o orgão regulador. Em setembro, após uma vistoria, a agência solicitou varias mudanças na estrutura. A Vale cumpriu algumas e pediu prorrogação de prazo em outras, informou.
“Os fatores de segurança encontram-se abaixo do recomendado pela norma. Por isso, além de Nível 2 de emergência, a barragem está com a Zona de Auto Salvamento evacuada, conforme PAEBM (Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração) da empresa. A interdição atual da SRT foi com base nas leis trabalhistas”, diz a ANM.