O Palmeiras trocava passes regido por um sonoro “olé” que ecoava das arquibancadas do Allianz Parque. Trilha sonora cruel da goleada por 5 a 0 no Choque-Rei desta quarta-feira (25), pela 29ª rodada do Brasileirão – a pior derrota sofrida pelo São Paulo em quase oito anos.
O Tricolor foi nada menos do que atropelado no clássico. E quem falou isso com todas as letras não foi este repórter que vos escreve, mas sim, o principal jogador da equipe. “Jogo para a gente esquecer. Palmeiras dominou a gente, fomos atropelados aqui hoje, essa é a grande verdade. Entramos desligados, não tem o que falar” (Lucas Moura).
O problema é que a goleada para o Palmeiras trouxe uma verdade ainda mais difícil de ser digerida do que o atropelo no gramado sintético do Allianz Parque. O São Paulo sofreu a sua pior derrota desde os 6 a 1 para o Corinthians no Brasileirão de 2015. Um resultado tão vexatório, que é capaz de deixar uma marca profunda em um ano que deveria ser eternizado apenas pela festa de um título inédito da Copa do Brasil.
E o próprio Dorival Júnior admitiu isso na sua entrevista coletiva após a partida. O técnico logo disse que o resultado é vergonhoso, em um raro acerto são-paulino ao longo da noite. Tão vergonhoso, que será para sempre uma mancha na carreira de todos que participaram da partida.
– É vergonhoso? É. Não é digno de uma equipe como a nossa? Não. Mas não podemos tirar os adjetivos de uma vitória que o Palmeiras construiu por méritos. Não tivemos um destaque sequer na partida. Quando isso acontece, alguma coisa está errada, e o treinador é o responsável. São Paulo tem que ter consciência que tem que fazer muito mais pela frente. Erramos muito hoje, em demasia, e que será marcante na vida de todos nós – disse Dorival.
Atropelo deixa marca no ano do título
A derrota vexatória no Allianz Parque é o ponto mais baixo de um time que não consegue parar de oscilar no Campeonato Brasileiro. O clube, aliás, vive uma espécie de “ano duplo” em 2023. O São Paulo que desbancou os rivais Palmeiras e Corinthians, além do Flamengo para ser campeão da Copa do Brasil, é o mesmo São Paulo que ainda não venceu uma partida sequer como visitante no Brasileirão.
São agora seis empates e oito derrotas em 14 jogos até agora. O saldo de gols fora de casa no Brasileirão é de -13, e o aproveitamento, de míseros 14%. Além do Tricolor, só o lanterna América-MG não conseguiu vencer como visitante na competição. O atropelo sofrido para o Palmeiras é uma hipérbole desta campanha tão irregular. É como se o São Paulo concentrasse todos os tropeços longe do Morumbi em um só.
– Se eu soubesse o caminho (para evitar a irregularidade), não estaria acontecendo. É muito difícil. Tivemos tempo de recuperação, sem que possamos reclamar de toda e qualquer coisa. Não tem como explicar. Se tivéssemos oscilado dentro da partida, aí seria alguma coisa explicável. Não foi isso. Desde o primeiro minuto, merecemos o resultado. Essa é a verdade. Não foi uma noite positiva de nenhum de nós – afirmou o treinador.
As falhas contra o Palmeiras se estenderam do goleiro Rafael ao técnico Dorival Júnior. Tudo deu tão errado, que em 36 minutos de partida, o treinador já promovia a primeira alteração: a entrada de Rodrigo Nestor no lugar de Gabriel Neves. Mas nenhum dos esforços – seja do treinador, ou dos jogadores – surtiu o efeito esperado. Parecia que a equipe ficava mais exposta e inofensiva a cada mudança.
O primeiro tempo acabou 3 a 0 e não só poderia ser mais, como acabou sendo. A expulsão infantil de Rafinha, jogador mais experiente do elenco, serviu de convite para o Palmeiras transformar uma vitória maiúscula em massacre. Os gritos de “olé” ao final da partida foram merecidos. Como também seria merecido se o rival construísse uma goleada ainda mais elástica.
Apesar de tudo, o resultado vergonhoso não muda a vida do São Paulo na tabela. O clube é o 10º colocado no Brasileirão, com 38 pontos. O Tricolor volta a campo no próximo domingo (29), às 16h (horário de Brasília), quando enfrenta o Athletico-PR na Arena da Baixada, pela 30ª rodada do Brasileirão.
*Portal Trivela