A cerca de 330 quilômetros de Goiânia, no norte de Goiás, o município de Alto Horizonte passou por uma transformação significativa nos últimos anos. Tradicionalmente voltada à agropecuária, com destaque para a produção leiteira, a cidade de pouco mais de 6 mil habitantes teve sua economia revolucionada a partir de 2007, quando teve início a extração de cobre e ouro em jazidas locais.
Com produção mineral estimada em 65 mil toneladas por dia – o equivalente a 24 milhões de toneladas por ano, Alto Horizonte colhe os frutos da atividade mineradora. A mudança é perceptível não apenas nos indicadores econômicos, mas também na infraestrutura e qualidade dos serviços públicos oferecidos à população. A produção comercial teve início em 2007 em Alto Horizonte com a Mineração Maracá. A Lundin Mining assumiu a operação em julho de 2019.
Durante visita ao município, a reportagem do Jornal Opção constatou avanços visíveis: ruas asfaltadas e bem conservadas, cidade limpa e arborizada, lixeiras padronizadas, unidades de saúde com atendimento médico em tempo integral, escolas municipais com boa estrutura e equipamentos públicos em excelente estado, como o estádio de futebol e um clube recreativo completo, de acesso gratuito para a população, entre outros.
De acordo com a Secretaria de Indústria e Comércio (SIC), os indicadores sociais confirmam essa evolução. Dados do Atlas Brasil revelam que o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de Alto Horizonte saltou de 0,557 em 2000 para 0,719 em 2010. No mesmo período, o município vizinho de Nova Iguaçu de Goiás, sem presença da atividade mineradora, evoluiu de 0,514 para 0,655.
Ainda segundo a SIC, a variação do Produto Interno Bruto (PIB) per capita da região acompanha de perto a movimentação comercial da Lundin Mining, atual responsável pela operação da Mineração Maracá, desde 2019. Segundo dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), em 2022, Alto Horizonte foi o 9º município brasileiro com maior produção mineral bruta do brasil: foram 26.319.201,78 toneladas de minério de cobre e ouro naquele ano.
A renda per capita mensal em Alto Horizonte mais que dobrou entre 2000 e 2010, passando de R$ 305,61 para R$ 661,19 (valores corrigidos para agosto de 2010). Esse crescimento econômico também impactou na redução dos índices de pobreza. Vale destacar que atualmente, ninguém trabalha por menos de “dois salários mínimos”, disse um comerciante local.
Em 2000, 9,73% da população era considerada extremamente pobre, 36,56% eram pobres e 63,72% estava vulnerável à pobreza. Já em 2010, esses percentuais caíram para 1,38%, 6,10% e 28,05%, respectivamente.
Dados do Cadastro Único (CadÚnico) do Governo Federal reforçam a tendência de melhoria. Entre 2014 e 2017, a proporção de pessoas em extrema pobreza inscritas no sistema, mesmo após o recebimento do Bolsa Família, caiu de 8,89% para 2,79%. No mesmo intervalo, a proporção de pobres caiu de 36,71% para 30,95%.
O índice de Gini, que mede a desigualdade de renda, também apresentou leve queda no período, passando de 0,51 em 2000 para 0,49 em 2010, sinalizando uma redução na desigualdade socioeconômica local. Vale lembrar que todos os dados são do último Censo, realizado em 2010.
No entanto, é perceptível a preocupação da população com o período pós-mineração, pois, segundo moradores, o poder público não tem apresentado projetos concretos que viabilizem economicamente o município após o fim das atividades da mineradora.
Mesmo com os avanços, a população continua cobrando mais ações dos gestores públicos, como a construção de um hospital municipal, a implantação de uma faculdade e a oferta de cursos técnicos para que os jovens possam se qualificar e ocupar cargos na mineradora e em empresas prestadoras de serviços para a Lundin Mining.
*Jornal Opção