Nos seis primeiros meses de 2025, Goiás já registrou 6.150 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag), o que corresponde a 82,27% do total registrado em 2024, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES). O aumento é de 51,21% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Ao Mais Goiás, a infectologista Juliana Barreto afirmou que O avanço dos casos está relacionado às condições climáticas típicas do período seco, com ar frio e pouca ventilação, que facilitam a permanência dos vírus no ambiente.
“A massa de ar polar fica mais concentrada, mantendo os vírus em suspensão por mais tempo. Além disso, as pessoas ficam mais tempo em ambientes fechados, favorecendo a transmissão”, explicou. Ela também destacou a circulação simultânea de vírus como influenza, covid-19 e outros agentes respiratórios, além da baixa adesão à vacinação contra a gripe, liberada para todas as faixas etárias.
Em entrevista à reportagem, a pneumologista Heloísa Coisa complementou que a combinação de fatores, como alta circulação de múltiplos vírus incluindo o Vírus Sincicial Respiratório, causador da bronquiolite, o clima seco, o frio e a insuficiente vacinação agrava a situação.
Ela ressaltou que “os ambientes coletivos ficam pouco ventilados e as pessoas mais aglomeradas, o que aumenta o risco de contágio”. Ela reforçou a importância da atualização do cartão vacinal e recomendou o uso de máscara em locais de risco, higiene frequente das mãos e evitar aglomerações, especialmente para os grupos vulneráveis.
Entre esses grupos, as gestantes recebem atenção especial, pois têm maior risco de desenvolver complicações. Idosos, crianças pequenas e pessoas com comorbidades como obesidade, hipertensão, diabetes e doenças crônicas também devem redobrar os cuidados. “Essas pessoas têm maior probabilidade de evoluir para quadros graves, por isso é fundamental a vacinação e evitar locais fechados com aglomerações”, orientou Juliana.
Heloísa também indicou que os principais sinais de alerta para procurar atendimento médico são febre acima de 38,5°C por mais de dois dias, falta de ar, tosse com sangue, confusão mental ou sonolência excessiva, dor intensa no peito e sintomas que não melhoram após 7 a 10 dias. Ela explicou que esses sinais podem indicar complicações graves, como pneumonia, insuficiência respiratória ou descompensação de doenças crônicas.
A SES informou que o número de internações cresceu apenas 1,9% em relação ao mesmo período de 2024. Em 2025, foram 2.824 hospitalizações por Srag contra 2.771 no ano anterior. Segundo a pasta, o cenário exige atenção e resposta rápida. A secretaria vem reorganizando a rede estadual com 40 leitos de UTI e 20 de enfermaria dedicados exclusivamente à doença.
A pasta afirmou que segue monitorando os indicadores epidemiológicos diariamente, promovendo ações como reforço na vacinação, capacitação de profissionais de saúde e ampliação da estrutura hospitalar, com foco especial na sazonalidade das doenças respiratórias.
Leia na íntegra a nota enviada pela Secretaria de Saúde do Estado de Goiás:
“A Secretaria de Estado da Saúde informa que Goiás registra, até o momento, 6.150 casos de Srag –em todo o ano de 2024, foram 7.475 casos. O aumento de casos na comparação com o mesmo período do ano anterior é de 51,21%.
Os casos de internações (nas unidades da rede estadual), também até a presente data, foram 2.824 casos. No mesmo período de 2024, foram 2.771 casos de internações – aumento de 1,9%.
Embora o crescimento seja discreto, a Secretaria reforça a importância da manutenção das medidas de prevenção, como a vacinação, a higienização frequente das mãos e o uso de máscaras em ambientes com aglomeração ou baixa ventilação. As equipes de vigilância seguem monitorando os dados epidemiológicos para identificar possíveis variações sazonais ou surtos localizados, garantindo uma resposta rápida e eficaz à população.
No entanto, de forma antecipada, a pasta também vem organizando a distribuição dos leitos disponíveis na rede estadual e conveniada, fortalecendo a assistência e o acesso dos pacientes com Srag. Essa organização, por ora, envolve 40 leitos dedicados de UTI e 20 de enfermaria – de um total de 4.258 leitos (608 UTI e 3.158 adulto; 67 UTIs neonatal; 138 UTIs UTIs pediátrica; 240 leitos de enfermaria pediátria e 47 Unidades de Cuidados Neonatais).
A pasta ressalta que se mobiliza desde o fim do primeiro trimestre, em virtude da sazonalidade das doenças respiratórias, com medidas como ampliação da vacinação e capacitações para profissionais de saúde da assistência, o monitorando diário dos indicadores de ocupação dos serviços e do trabalho para ampliar a eficiência da gestão dos leitos, promovendo melhora também na capacidade instalada.”
*Portal Mais Goiás