Após 467 dias de guerra, o governo de Israel e o grupo palestino Hamas acertaram nesta quarta (15) os termos de um cessar-fogo inicial de seis semanas, abrindo caminho para encerrar o mais longevo dos grandes conflitos entre o Estado judeu e seus vizinhos árabes em quase 77 anos de história moderna comum.
O anúncio, adiantado por negociadores e faturado de forma antecipada pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump, foi confirmado pelo premiê do Qatar, Mohammed al-Thani. Ainda faltam detalhes, como havia dito o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, mas a previsão é de que ele entre em vigor no domingo (19).
Ao mesmo tempo, o presidente dos EUA até segunda (20), Joe Biden, divulgou nota. “Esse acordo vai parar os combates em Gaza, aumentar a necessária ajuda humanitária aos civis palestinos e reunir os reféns com suas famílias”, disse ele, que em pronunciamento chamou os louros para si: “Foi a negociação mais difícil” de sua carreira.
Foi combinada a troca escalonada dos 98 reféns remanescentes desde que os terroristas do Hamas fizeram no mega-ataque de 7 de outubro de 2023, que deflagrou a guerra, por cerca de 1.000 dos 12 mil prisioneiros palestinos em Israel. Estima-se que talvez 60 dos reféns possam estar vivos.
Al-Thani, que também é chanceler do país onde o governo local e o dos Estados Unidos vinham trabalhando desde o fim do ano passado, celebrou o acerto. Parte das discussões ocorreu também no Cairo, com a mediação do Egito, que faz fronteira a oeste com a Faixa de Gaza, território que era controlado pelo Hamas desde 2007.
O acordo deve ser aprovado pelo gabinete de segurança de Israel, que tem 11 membros. Deve haver resistência da ultradireita religiosa —cujos 2 representantes no colegiado criticam o arranjo e ameaçam abrir uma crise parlamentar para Netanyahu.
Trump não esperou o qatari, indo à rede social Truth Social quase duas horas antes do anúncio formal, feito em Doha pouco antes das 22h (16h em Brasília): “Nós temos um acordo para os reféns no Oriente Médio. Eles serão libertados logo”, disse ele, tomando para si o crédito.
Da Folhapress