Claudia Soares Alves, a neurologista que se passou por pediatra e raptou uma recém-nascida da maternidade do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), foi solta pela Justiça goiana.
A soltura ocorreu na terça-feira (25), quando o alvará em favor da médica foi cumprido na Unidade Prisional Regional Feminina de Orizona (GO), onde permaneceu presa por cerca de oito meses. A informação foi confirmada pela Polícia Penal de Goiás ao g1 nesta sexta-feira (28).
A TV Integração entrou em contato com a defesa da médica, mas a reportagem foi informada por um dos advogados de Claudia que a equipe não se pronunciaria sobre o caso, uma vez que o processo segue em segredo de justiça. Mesma justificativa pela qual o Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) não informou o que motivou a liberdade provisória da acusada.
Indiciada por tráfico de pessoas e falsidade ideológica
Claudia Soares Alves foi indiciada pelos crimes de falsidade ideológica e tráfico de pessoas em agosto do ano passado, após ser encontrada com a bebê em Itumbiara, a 135 km de Uberlândia, onde ela raptou a criança na noite de 23 de julho.
“O indiciamento ocorreu por conta das oitivas, dos registros de imagens do crime, por encontrar a bebê na casa da médica em Itumbiara e após encontrar itens de criança com a Claudia em Goiás”, disse Marcos Tadeu de Brito, delegado-chefe da Polícia Civil em Uberlândia, à época.
Médica usava jaleco e se passou por pediatra para raptar a criança
A médica entrou no hospital usando roupa de profissional de saúde, luvas e com o rosto coberto por máscara. Ela também usava crachá da UFU. Claudia era docente da Faculdade de Medicina (Famed) da UFU com vínculo que inclui atividades de ensino no HC.
A criminosa foi até o quarto onde a recém-nascida estava, se apresentou ao pai da bebê de três horas de vida como pediatra e a retirou de lá dizendo que iria alimentá-la. Em seguida, saiu com a menina do hospital e caminhou com ela em direção ao carro.
“Ela era muito bem articulada. Entrou, mexeu nos peitos da minha esposa para ver se tinha leite, disse que era pediatra e que ia levar a bebê para se alimentar. Minutos depois, eu vi que a minha menina não voltava, e aí percebemos que ela tinha sido levada”, disse o pai da recém-nascida, Édson Ferreira.
O vídeo abaixo mostra a médica estacionando o carro na rua, andando pelo hospital e depois carregado a bebê no braço em direção ao carro.
Ponto a ponto do vídeo
Um dos vídeos indica que ela chegou de carro em frente ao HC-UFU, às 23h18.
Ela desce do veículo usando jaleco, touca, máscara, luvas de borracha e uma mochila amarela nas costas.
A mulher caminha até o hospital e retorna 37 minutos depois.
Às 23h55, a médica passa novamente pelas câmeras de monitoramento, já carregando a recém-nascida em um dos braços.
Ela entra pelo banco do motorista e sai logo em seguida.
Defesa alegou surto psicótico
Horas após o crime, a mulher foi presa pela Polícia Civil em Itumbiara, no interior de Goiás. Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, a mulher afirmou que usou medicação e entrou em surto. “Ela disse que teria feito uso de medicação, entrado em surto psicótico e, por isso, teria entrado na maternidade e sequestrado a criança”, disse Carlos Antônio Fernandes, delegado de Uberlândia.
A PC acrescentou informações de que a investigada está no cadastro nacional de adoção, “com aptidão psicológica favorável a ela, inclusive se baseando em documentação fornecida por ela durante o feito”.
Ainda em agosto, Vladimir Rezende, advogado de Claudia, informou que como o processo está em segredo de Justiça, “a única coisa que podemos falar é que independentemente do teor do indiciamento ou até mesmo de eventual denúncia, acreditamos que a questão será resolvida no incidente de insanidade da acusada que já está em andamento”.
“Com a alteração dos medicamentos, ela deu um surto, um surto psicótico. Tem um laudo clínico relatando toda a situação dela. Nossa defesa vai ser essa, porque realmente é o que aconteceu”, afirmou.
*Portal G1