Eleita presidente do Superior Tribunal Militar (STM), a ministra Maria Elizabeth Rocha criticou, na noite de sexta-feira, a passagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Planalto, ao afirmar que as Forças Armadas “foram usadas” pelo ex-mandatário.
Na avaliação da magistrada, a movimentação, que ocorreu pois o antigo Chefe do Executivo não tinha uma base parlamentar de apoio que pudesse indicar para os cargos de alto escalão, comprometeu a credibilidade da instituição.
— Por ter vindo da caserna, as pessoas de sua confiança eram os militares – para além daquele velho pensamento de que os militares seriam os moderadores do Estado, quando a lógica deveria ser inversa: o poder civil é que deve comandar o militar — disse a ministra, que toma posse no próximo dia 12, à CNN.
Durante a entrevista, a ministra ponderou que, embora Bolsonaro tenha “se valido” das Forças Armadas, alguns militares de fato “se beneficiaram, e muito” do protagonismo ganhado no governo do ex-presidente.
— A Marinha, o Exército e a Aeronáutica acabaram sendo extremamente prejudicados e tiveram a sua credibilidade solapada por causa de um chefe de Estado que se perdeu na condução do governo — disse Maria.
Questionada acerca do julgamento dos presos por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro, a ministra avalia algumas penas foram “muito elevadas”. No entanto, ela avalia que “ainda é muito precipitado” se falar em anistia para esses condenados.
— O Congresso Nacional pode fazê-lo, o presidente pode até indultar, se quiser. Mas me parece estranho essa discussão da anistia já agora, sendo que nem houve a conclusão de todos os julgamentos.
O Supremo Tribunal Federal (STF) já condenou 371 pessoas devido à investida antidemocrática contra os três Poderes, que completará dois anos na próxima quarta-feira. Desse total, 225 são os chamados executores, que cometeram os crimes considerados mais graves, e 146 foram considerados incitadores.
*Portal O Globo