No milésimo dia da Guerra na Ucrânia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou um decreto que amplia as condições para o uso de armas nucleares pelo país. A medida ocorre em meio a tensões crescentes, especialmente após os Estados Unidos autorizarem a Ucrânia a utilizar mísseis de longo alcance contra o território russo, o que o Kremlin enxerga como uma escalada direta do envolvimento de Washington no conflito.
O novo decreto, intitulado “Os fundamentos da política de Estado no campo da dissuasão nuclear”, revisa a doutrina estabelecida em 2020, ampliando significativamente as condições para o uso de armas nucleares. Antes, o uso desse tipo de armamento estava condicionado a um ataque nuclear direto contra a Rússia ou a uma agressão convencional que ameaçasse a existência do Estado.
Agora, o texto determina que armas nucleares podem ser empregadas em caso de ataques convencionais que representem uma ameaça crítica à soberania ou à integridade territorial da Rússia ou de Belarus, principal aliado russo na região. Além disso, a nova política considera que qualquer ataque convencional à Rússia, realizado por um Estado não nuclear mas apoiado por um Estado nuclear, será tratado como um ataque conjunto, justificando uma resposta nuclear.
O texto também destaca que agressões realizadas por coalizões militares ou blocos inteiros serão vistas como ações de todos os seus membros, elevando o risco de uma escalada de proporções globais.
“A agressão contra a Federação Russa e (ou) seus aliados por qualquer Estado não nuclear com a participação ou apoio de um Estado nuclear é considerada um ataque conjunto”, diz o documento divulgado pelo Kremlin.
O decreto ainda prevê uma resposta nuclear a ataques com mísseis, drones ou aeronaves que ultrapassem as fronteiras russas. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, justificou a atualização da doutrina como uma medida necessária diante do que chamou de “ameaças ocidentais” à segurança do país. “Era necessário adaptar nossos fundamentos à situação atual”, declarou.
A Rússia é a maior potência nuclear do mundo, com um arsenal que supera o dos Estados Unidos. *As informações são do Mais Goiás.