O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, emitiu um alerta contundente aos Estados Unidos nesta quarta-feira (18/6), advertindo que qualquer assistência militar direta a Israel pode desestabilizar radicalmente o Oriente Médio.
A região enfrenta uma guerra aérea entre Irã e Israel que já dura seis dias, marcada por ataques mútuos e crescente tensão geopolítica. Em um comentário separado, o chefe do Serviço de Inteligência Estrangeira da Rússia (SVR), Sergei Naryshkin, classificou a situação como “crítica”, reforçando a gravidade do conflito.
O cenário atual teve início na última sexta-feira (13/6), quando Israel lançou a “Operação Leão Ascendente”, um ataque aéreo surpresa contra instalações nucleares, cientistas e líderes militares do Irã, incluindo a morte do comandante da Guarda Revolucionária, general Hossein Salami, e do comandante-chefe das Forças Armadas iranianas, brigadeiro-general Mohammed Bagheri.
A ação, que Israel justificou como uma medida preventiva contra o programa nuclear iraniano, foi condenada pela Rússia como “não provocada e ilegal”. O Irã retaliou com ataques de mísseis e drones contra cidades israelenses, resultando em pelo menos 24 mortes em Israel, segundo o governo local. No Irã, o Ministério da Saúde reportou 224 mortos, sendo 90% civis, e 1.277 feridos até domingo (15/6).
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, prometeu uma “resposta firme e sem piedade” aos ataques, declarando que Israel “cometeu um grande erro e será punido”. Em uma postagem no X, Khamenei afirmou que o Irã “não se renderá” e que qualquer envolvimento direto dos EUA no conflito trará “consequências irreparáveis”.
A retórica beligerante de Khamenei foi amplificada pela mídia estatal iraniana, que relatou danos significativos em Teerã, incluindo um ataque israelense à sede da TV estatal IRIB durante uma transmissão ao vivo na segunda-feira (16/6), descrito pelo Irã como um “crime de guerra”.
Enquanto isso, o presidente dos EUA, Donald Trump, tem adotado uma postura ambígua. Na terça-feira (17/6), ele usou sua plataforma Truth Social para refletir sobre a possibilidade de eliminar Khamenei, mas recuou, dizendo: “Não vamos eliminá-lo, pelo menos por enquanto.”
Fontes internas dos EUA revelaram que Trump e sua equipe consideram opções que vão desde apoiar Israel em ataques contra instalações nucleares iranianas até buscar uma solução diplomática. No entanto, Trump vetou um plano israelense para assassinar Khamenei, segundo autoridades americanas, indicando que tal ação poderia agravar o conflito.
A Rússia, que mantém uma parceria estratégica com o Irã desde a assinatura de um tratado em janeiro de 2025, tem se posicionado como mediadora, mas com críticas contundentes ao Ocidente. O presidente Vladimir Putin pediu o fim das hostilidades e, segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, está em contato constante com autoridades iranianas e israelenses.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, alertou que o mundo está “a milímetros de uma catástrofe nuclear” devido à escalada e às ameaças nucleares. Apesar do tratado com o Irã, a Rússia evita uma intervenção militar direta, pois uma guerra aberta poderia comprometer seus interesses na Síria e no mercado de energia.
O conflito tem gerado impactos globais. O preço do petróleo disparou devido ao risco de interrupção no Estreito de Ormuz, e a cúpula do G7, realizada no Canadá, foi afetada, com Trump deixando o evento mais cedo para tratar da crise. A comunidade internacional, incluindo a ONU e o Reino Unido, pediu contenção e um retorno à diplomacia.
O secretário-geral da ONU, por meio de seu porta-voz Farhan Haq, expressou preocupação com os ataques a instalações nucleares iranianas, enquanto o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, defendeu a estabilidade regional como prioridade.
Nas redes sociais, a crise domina as discussões. Postagens no X destacam a advertência de Ryabkov, com usuários como @PolitlcsGlobal @Lukyluke311 ecoando o alerta russo sobre o risco de desestabilização. Outros, como @ThayzzySmith, relatam que as chances de uma ação militar dos EUA contra o Irã subiram para 70% no Polymarket, refletindo a percepção de uma escalada iminente.
No entanto, analistas apontam que a retórica de Trump pode ser parte de uma estratégia de “pressão máxima”, inspirada na teoria do “louco”, para forçar o Irã a negociar. O Brasil, por sua vez, adotou uma postura crítica a Israel. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em declarações recentes, classificou as ações israelenses em Gaza como “genocídio” e sinalizou a possibilidade de romper relações militares com Israel.
Até o momento, o governo brasileiro não se pronunciou oficialmente sobre os ataques entre Irã e Israel, mas a crise tem gerado debates no Congresso Nacional, com o presidente da Câmara, Hugo Motta, acompanhando a situação de prefeitos brasileiros que estavam em Israel durante os ataques.
A escalada do conflito coloca o Oriente Médio à beira de uma crise ainda mais grave, com implicações para a segurança global, a economia e a geopolítica. Enquanto as potências regionais trocam ataques e ameaças, o mundo observa com apreensão, aguardando os próximos passos de líderes como Trump, Putin e Khamenei.
*Informações do Painel Político